sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

E o mar?


"Pra que o mundo, segue o mundo sem o mar?"
Sinto falta do mar. Não só do mar propriamente dito, mas daquele que se encontrava em mim. O que aos poucos fui perdendo, e apesar de não ser perfeito, me bastava. Falta-me a paciência de deixar as palavras serem levadas pelas ondas, como fazia, e de ouvir o sussurro encontrado na concha que timidamente nos convidava a visitar o verdadeiro mar. 
Não estou triste, pelo contrário, - como posso dizer? -, estou bem, feliz. E já diziam os grandes poetas: A literatura, sem a angústia, torna-se inútil. Escreve-se para aliviar essas angústias, desabafar. Com a esperança de que transformando angústias em algo material, possamos curá-las. E as vezes funciona, vocês sabem. Eu sei. 
Assim, meus desabafos tornaram-se desnecessários, pois faltam-me angústias (Isso é ruim?). Tudo que de algum modo me pertuba, eu trato logo de expulsar e ter certeza de que não voltará. Não deixo um pensamento negativo me ocupar por mais de um minuto. Não os quero, nunca quis, mas ao contrário de antes, agora tenho força para afastá-los. O problema é que no meio de tanta luta, deixei o mar afastar-se também e ele não é como as outras coisas, que se recupera com facilidade. Com ele, é preciso tempo e paciência, que eu não possuo nesse momento. Clarice sabe bem: "Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito." Por isso, querido Mar, perdoe-me pela ausência, mas apesar de sentir sua falta, eu ainda não estou pronta para abrir mão da felicidade pelo bem da literatura.


Ps. Quanto ao verdadeiro mar, espero poder encontrá-lo em Janeiro. Que saudade da praia..rs

6 comentários:

  1. Isabela!!!

    Muito prazer! Seu blog é lindo! E os textos são muito bons!
    E sobre pensamentos negativos, penso igualzinho...

    Grande beijo!
    Aline

    ResponderExcluir
  2. tbm anei teu blog...^^
    seguinddo-te^^
    Bjô

    ResponderExcluir
  3. "Não deixo um pensamento negativo me ocupar por mais de um minuto. Não os quero, nunca quis, mas ao contrário de antes, agora tenho força para afastá-los." Não sei se acredito em coincidências... mas o seu texto foi um achado. Bebi com sede todas as suas palavras, precisava delas.

    Beijinho

    ResponderExcluir
  4. Acho que te entendo, já escrevi tanto e agora escrevo bem menos. Porque não há o que escrever, não como há um ano atrás, escrevia todo santo dia (sem exagero nenhum!), mas passou a ânsia e a dor. Só não dá pra saber se isso é bom, de fato. Porque eu gostava tanto de me aliviar dessa forma.

    Beijão, Isabela.

    ResponderExcluir
  5. Fico feliz por, mesmo que como mero coadjuvante, fazer parte dessa fase 'sem angústias' de sua vida.
    E fique tranquila, pois o mar "...nos mostra força. Nas horas difíceis de chuva, cresce ainda mais. Nas horas de sol e alegria, é receptivo a todos aqueles que o procurarem..."

    Belo texto!

    ResponderExcluir
  6. "A literatura, sem a angústia, torna-se inútil." E foi triste perceber isso, cair a ficha, mas também prefiro não abrir mão da felicidade por belas palavras. A vida é tão bonita, gosto de acreditar que há coexistência entre alegria e literatura, tem que haver...
    Bjos, Isa, não foi dessa vez que nos encontramos, mas quando formos universitárias (amém!) teremos mais tempo para ir de encontro ao mar.

    ResponderExcluir