sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

E o mar?


"Pra que o mundo, segue o mundo sem o mar?"
Sinto falta do mar. Não só do mar propriamente dito, mas daquele que se encontrava em mim. O que aos poucos fui perdendo, e apesar de não ser perfeito, me bastava. Falta-me a paciência de deixar as palavras serem levadas pelas ondas, como fazia, e de ouvir o sussurro encontrado na concha que timidamente nos convidava a visitar o verdadeiro mar. 
Não estou triste, pelo contrário, - como posso dizer? -, estou bem, feliz. E já diziam os grandes poetas: A literatura, sem a angústia, torna-se inútil. Escreve-se para aliviar essas angústias, desabafar. Com a esperança de que transformando angústias em algo material, possamos curá-las. E as vezes funciona, vocês sabem. Eu sei. 
Assim, meus desabafos tornaram-se desnecessários, pois faltam-me angústias (Isso é ruim?). Tudo que de algum modo me pertuba, eu trato logo de expulsar e ter certeza de que não voltará. Não deixo um pensamento negativo me ocupar por mais de um minuto. Não os quero, nunca quis, mas ao contrário de antes, agora tenho força para afastá-los. O problema é que no meio de tanta luta, deixei o mar afastar-se também e ele não é como as outras coisas, que se recupera com facilidade. Com ele, é preciso tempo e paciência, que eu não possuo nesse momento. Clarice sabe bem: "Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito." Por isso, querido Mar, perdoe-me pela ausência, mas apesar de sentir sua falta, eu ainda não estou pronta para abrir mão da felicidade pelo bem da literatura.


Ps. Quanto ao verdadeiro mar, espero poder encontrá-lo em Janeiro. Que saudade da praia..rs