sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

E o mar?


"Pra que o mundo, segue o mundo sem o mar?"
Sinto falta do mar. Não só do mar propriamente dito, mas daquele que se encontrava em mim. O que aos poucos fui perdendo, e apesar de não ser perfeito, me bastava. Falta-me a paciência de deixar as palavras serem levadas pelas ondas, como fazia, e de ouvir o sussurro encontrado na concha que timidamente nos convidava a visitar o verdadeiro mar. 
Não estou triste, pelo contrário, - como posso dizer? -, estou bem, feliz. E já diziam os grandes poetas: A literatura, sem a angústia, torna-se inútil. Escreve-se para aliviar essas angústias, desabafar. Com a esperança de que transformando angústias em algo material, possamos curá-las. E as vezes funciona, vocês sabem. Eu sei. 
Assim, meus desabafos tornaram-se desnecessários, pois faltam-me angústias (Isso é ruim?). Tudo que de algum modo me pertuba, eu trato logo de expulsar e ter certeza de que não voltará. Não deixo um pensamento negativo me ocupar por mais de um minuto. Não os quero, nunca quis, mas ao contrário de antes, agora tenho força para afastá-los. O problema é que no meio de tanta luta, deixei o mar afastar-se também e ele não é como as outras coisas, que se recupera com facilidade. Com ele, é preciso tempo e paciência, que eu não possuo nesse momento. Clarice sabe bem: "Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito." Por isso, querido Mar, perdoe-me pela ausência, mas apesar de sentir sua falta, eu ainda não estou pronta para abrir mão da felicidade pelo bem da literatura.


Ps. Quanto ao verdadeiro mar, espero poder encontrá-lo em Janeiro. Que saudade da praia..rs

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Novos mares..


É de conhecimento geral minha admiração pelo escritor Caio F. Abreu, não é? Pois bem, a partir de agora eu tenho um blog só com textos dele, que tal? Quem se interessar, dá uma olhadinha lá.

"Abrace sua loucura, antes que seja tarde demais.."


Umbeijo.

sábado, 16 de outubro de 2010

Espiritualidade para iniciantes.

"Porque fé, quando não se tem, se inventa."

Caio F. Abreu.



Estava eu, deitada na sala com a minha mãe, assistindo uma série sobre espíritos quando numa determinada cena, ocorre um diálogo entre a protagonista e o espírito de uma médica que me intriga e eu, sem pensar, solto:
-Ah vá, essa médica está mentindo.
Minha mãe, com a maior calma do mundo, me olha e diz:
-Claro que não, espíritos não mentem.
Na hora, acabei rindo dessa frase inusitada, mas minha mãe se explicou:
-Mentira é algo que só tem utilidade nesse nosso mundo hostil. Quando se passa para o tal outro plano, as coisas ficam mais claras e truques como esse, tão velhos, não funcionam. As ações, intenções e emoções tornam-se transparentes.
Quase ri pela segunda vez, mas me contive e parei para pensar. Não que eu goste de pensar sobre a mentira, suas origens e destinos, mas fiquei intrigada não só pela raridade do pensamento, mas pela forma como minha mãe o abordou. Tudo bem, era só uma cena de uma série qualquer, mas vindo dela, que não tem a religiosidade como característica principal, me fez questionar sobre as coisas que quero levar deste plano, para o outro (daqui a muito tempo, espero.) e de alguma forma me provou que pode haver fé sim, mesmo inventada.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

I wish you were here..

“O que eu aprendi sobre o amor, filho, é que ele é feito de faltas e presenças. E que nenhuma das duas pode faltar. Aprendi que o amor é feito de liberdade. É como ter, todos os dias, muitas outras opções. E ainda assim fazer a mesma livre escolha.” 
Cris Guerrra.

Sentada na beira da piscina, em um dia nublado, sentindo um pouco de frio (e adorando!), pensei em te escrever. Assim, só pra te lembrar dessas coisas que a gente vai deixando passar, dia após dia, e no fim não lembra o porque de não ter dito antes. Quis te escrever pois nesse um ano pensei tanto em ti, que as vezes até falei sozinha coisas que devia ter dito à você.
Para que saiba, que em dias como este, em que estou um pouco mais sensível, me permito sentar em algum lugar, e pensar em como seria bom poder te ver com mais frequência e tê-lo em dias importantes como este, sem precisar de horas de viagem. Poder ficar mais tempo, ouvindo "I'm yours" dividindo o fone, ou assistindo televisão, eu não sei, sei só que poderia ficar o tempo que quisesse.
Em uma de nossas (várias) conversas, confessei à você que nunca fui muito boa em escrever diretamente, mas tenho certeza, você (e todo mundo) sabe quando me refiro a nós, pois não importa o quão discreta eu tente ser, minhas palavras soam mais leves quando falo de ti e parecem até mais bonitas. Só não mais bonitas quanto o ano que passei ao seu lado, claro.
Obrigada.
Feliz aniversário.

sábado, 18 de setembro de 2010

Intimidade

Por uma série de motivos, raramente leio o jornal da minha cidade, mas especialmente nesse sábado ele acabou caindo em minhas mãos e eis que encontro um texto muito bonito perdido entre denúncias e propagandas políticas. Trata-se de um texto da Martha Medeiros sobre intimidade e eu, particularmente concordo em número, gênero e grau, mas vejam vocês. Boa leitura.


"Houve um tempo, crianças, em que a gente não falava de sexo como quem fala de um pedaço de torta. Ninguém dizia Fulano comeu Beltrana, assim, com essa vulgaridade. Nada disso. Fulano tinha dormido com ela. Era este o verbo. O que os dois tinham feito antes de dormir, ou ao acordar, ficava subentendido. A informação era esta, dormiram juntos, ponto. Mesmo que eles não tivessem pregado o olho nem por um instante.

Lembrei desta expressão ao assistir Encontros e Desencontros. No filme, Bill Murray e Scarlett Johansson fazem o papel de dois americanos que hospedam-se no mesmo hotel em Tóquio e têm em comum a insônia e o estranhamento: estão perdidos no fuso horário, na cultura, no idioma, e precisando com urgência encontrar a si mesmos. Cruzam-se no bar. Gostam-se. Ajudam-se. E acabam dormindo juntos. Dormindo mesmo. Zzzzzzzzzzz.

A cena mostra ambos deitados na mesma cama, vestidos, conversando, quando começam a apagar lentamente, vencidos pelo cansaço. Antes de sucumbir ao mundo dos sonhos, ele ainda tem o impulso de tocar nela, que está ao seu lado, em posição fetal. Pousa, então, a mão no pé dela, que está descalço. E assim ficam os dois, de olhos fechados, capturados pelo sono, numa intimidade raramente mostrada no cinema.

Hoje, se você perguntar para qualquer pré-adolescente o que significa se divertir, ele dirá que é beijar muito. Fazer campeonato de quem pega mais. Beijar quatro, sete, treze. Quebram o próprio recorde e voltam pra casa sentindo um vazio estúpido, porque continuam sem a menor idéia do que seja um encontro de verdade, reconhecer-se em outra pessoa, amar alguém instintivamente, sem planejamento. Estão todos perdidos em Tóquio.

Intimidade é coisa rara e prescinde de instruções. As revistas podem até fazer testes do tipo: "descubra se vocês são íntimos, marque um xis na resposta certa", mas nem perca seu tempo, a intimidade não se presta a fórmulas, não está relacionada a tempo de convívio, é muito mais uma comunhão instantânea e inexplicável. Intimidade é você se sentir tão à vontade com outra pessoa como se estivesse sozinho. É não precisar contemporizar, atuar, seduzir. É conseguir ir pra cama sem escovar os dentes, é esquecer de fechar as janelas, é compartilhar com alguém um estado de inconsciência.
Dormir juntos é muito mais íntimo que sexo."
Intimidade, Martha Medeiros.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dia do amigo!

"Para mim, atualmente, companheirismo e lealdade são meio sinônimos de felicidade. Meus amigos são muito fortes e muito profundos, são amigos de fé, para quem eu posso telefonar às cinco da manhã e dizer: olha, estou querendo me matar, o que eu faço? Eles me dão liberdade para isso, não tenho relações rápidas, quer dizer, tenho porque todo mundo tem, mas procuro sempre aprofundar. E isso é felicidade, você poder contar com os outros, se sentir cuidado, protegido. Dei esse exemplo meio barra pesada de me matar.... esquece. Posso ligar para ver o nascer do sol no Ibirapuera às cinco da manhã. Já fiz isso, inclusive."
 Caio Fernando Abreu


"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
Vinicius de Moraes



Precisa dizer mais?
Feliz dia do amigo, amigos.

sábado, 3 de julho de 2010

A realidade.



"É melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é tão brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir."
Machado de Assis

Se por um lado, concordo com Machado, tendo em minha vida toda priorizado as pessoas e situações reais, por outro não consigo interromper sonhos. Principalmente os bonitos.



domingo, 27 de junho de 2010

Na minha vida...

"Na minha vida existem lugares, cenas, palavras que eu amo com um grande respeito." 
Marcelo Rubens Paiva, in Feliz ano velho.


Há também pessoas, não é Marcelo?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

No more tears.. (?)

Sentada na cama, deixo-as finalmente cair. Aparentemente feitas de água, as lágrimas as vezes parecem ter vida própria, um poder muito grande, e desconfio que saibam disso. Quando se cansam de nós, raramente conseguimos convence-las a permanecerem guardadas, e escapam sem pedir autorização. Caem sobre um rosto, uma folha e molham nossos corações imediatamente.
Hoje, fui vencida por aquelas mais teimosas. E vocês já devem saber: as insistentes são sempre as mais sinceras. As que não são, duvidam, ameaçam, e podem até recuar. São lágrimas fracas. As sinceras não se importam com o quão intransponível você seja, são fortes e confiantes. Ignoram todo o constrangimento, e fazem a pobre coragem humana virar pó.
Mas não há como ter raiva, afinal, o que seríamos sem elas? O que faríamos se não pudéssemos contar com a fragilidade de uma lágrima, ou o impacto de um choro (que não passa de lágrimas revoltadas)?
O mundo seria chato... e insuportavelmente seco.

Saudade do blog gente, eu juro!.

sexta-feira, 19 de março de 2010



O VELHO E A FLOR.
           
Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor.

Ninguém sabia me dizer,
Eu já queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:

O amor é o carinho,
É o espinho que não se vê em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta 
em pétalas de amor.


**

CHEGA DE SAUDADE.

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim.

Vinicius de Moraes

sexta-feira, 5 de março de 2010

"São as águas de março fechando o verão.."

Vou começar o post me desculpando, gente. Estou totalmente meio ausente do blog desde que o ano começou, mas eu juro que tenho motivos. Aliás como diria um amigo meu: Vestibular é desculpa para tudo.
Enfim, estava eu, como de costume, fuçando internet a dentro quando achei esse texto da Danuza Leão. Acho que por concordar com a maioria dos 'ítens', gostei bastante de como ela escreveu sobre isso. É um texto de uma mulher para as mulheres, então homens, apesar de eu achar que o texto pode acrescentar muito nos conceitos masculinos, sintam-se a vontade para ignorar o post.

"Mas afinal, o que querem as mulheres de um homem? O que nós queremos? Em primeiro lugar, que ele nos ame muito; muito, mas não exageradamente. Que nos entenda, que nos ouça sempre com muita atenção, mesmo que não esteja muito interessado no que estamos falando (mas fingindo estar). Não, ele não precisa nos trazer flores; mas deve estar sempre nos procurando, fazendo um carinho no nosso ombro, pousando (apenas pousando) a mão na nossa coxa por debaixo da mesa ou quando estiver dirigindo o carro, coisa de quem se sabe dono absoluto do nosso coração (e do nosso corpo); só faz isso um homem seguro, que é o que todas queremos. Por outro lado, é preciso que ele nos solicite muito, pergunte que gravata deve usar, se gostamos da água-de-colônia nova, que carro deve comprar, mesmo que acabe fazendo o que quer, sem dar a mínima para nossa opinião. Mas também é preciso que às vezes fique quieto, calado, para nos deixar bem inquietas, imaginando no que será que ele está pensando. Mulher não pode nunca se sentir nem muito segura nem muito insegura: tem que ser no ponto certo. O ponto certo, essa é a questão. Para isso é preciso sensibilidade, coisa fundamental no homem que se ama. Sensibilidade para sentir quando estamos precisando de um carinho, de um amasso ou de ficar em silêncio. E ser capaz de, na hora de uma briga, dizer "vem cá, sua boba", e a gente se aninhar nos braços dele esquecendo de tudo que estava falando. Ah, como é bom um homem assim. Não é preciso que ajude a lavar os pratos nem a arrumar a cozinha, essas bobagens a gente faz com o maior prazer quando ama. Mas a cada cinco minutos pode perguntar, enquanto assiste o futebol (sem tirar os olhos da TV), se ainda vai demorar muito essa arrumação, pedir para você levar uma cerveja e dizer "vem sentar do meu lado para ver o jogo". Esse jogo não nos interessa nem um pouco, mas saber que ele precisa de nós num momento tão crucial é tudo de que precisamos para ser felizes. E quando o time dele fizer um gol e ele comemorar te abraçando e beijando muito, seja solidária e mostre-se tão feliz como se tivesse acabado de ganhar o mais lindo vestido da última coleção de Valentino. Não basta ser mulher: tem que participar. A hora de ir para a cama é muito importante: mesmo que ele esteja estudando um processo ou lendo uma revista em quadrinhos, é fundamental que ponha a perna em cima da sua, para que você sinta que, aconteça o que acontecer, ele estará sempre ligado em você. E um homem que quer ser amado sobre todas as coisas não pode jamais, mas jamais, depois de apagar a luz do abajur, se virar de costas para dormir; isso é crime que nenhuma mulher perdoa. E quando, já no escuro, ele faz um carinho na sua cabeça e se encaixa - não há mulher que resista a um homem que sabe se encaixar bem -, aí é que você sente a felicidade total e pensa que é aquele homem, aquele e nenhum outro, que pode fazê-la feliz. É só isso que queremos dos homens. Não é pedir muito, é?"


Danuza Leão.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Família ê, Família á, Família...

"E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços."
Caio Fernando Abreu.


Pai e filha, após uma daquelas brigas típicas entre adulto e pré-adolescente, se encontram sentados na varanda da casa de praia, em silêncio. Uma borboleta voa pertíssimo deles, parecendo brincar com a impaciência de ambos. O pai, sem esperança de reconciliação, levanta, ameaçando deixar sozinha a filha, que agora não consegue parar de olhar para a borboleta. Era de um amarelo forte, alegre. E aquela alegria só permaneceria ali por mais 24 horas, ou menos. A menina sentiu um aperto no peito. Levantou-se e abraçou aquele de barba branca à sua frente, antes mesmo que ele pudesse reagir. "Eu te amo, pai."

***

Eram 02:30 da manhã. Acordou um tanto quanto assustada, olhou para os lados, e se perguntou de onde tinha vindo o barulho que a fez despertar. Nada. Será que havia sonhado? Não importava mais, já sentia medo. Tentou, em vão, pegar no sono novamente, até decidir que iria para o lugar mais seguro da casa: O quarto da mãe, solteira há anos. Com seu travesseiro debaixo do braço, abriu a porta devagar, temendo acorda-la, e deitou-se na cama, grande o suficiente para as duas mulheres da casa, mas que a mãe se recusava a deixa-la dormir todos os dias. "Você já é uma mocinha" diziam a ela. "As vezes, eu daria tudo para não ser uma mocinha." pensou, segundos antes de pegar no sono.

***

Os dois sempre dividiram o quarto. Cada cama colada em um lado diferente da parede. Cada parede com fotos de pessoas diferentes. Cada foto guardando lembranças diferentes. Cômodas e armários com roupas e sapatos diferentes. Um mesmo quarto guardando vidas tão diferentes. Eram diferentes, mas eram irmãos. E por serem irmãos, todas as noites antes de dormir, sentavam cada um em sua respectiva cama e contavam sobre seus respectivos dias. Discutiam questões sociais e choravam mágoas. Depois de dividirem tanto de suas vidas com o outro, desejavam boa noite, dormiam... E sem perceber provavam que o amor supera qualquer diferença!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

(Não) Seja simpático!

Enquanto isso, no supermercado...

- O total foi de 42, 90 senhora.
- Aqui, no débito.
- A senha por favor... E aí, como está a vida? Trabalhando muito?
- Não não, estou de férias.
- Ah! É? Que delícia. Você faz o que? É professora? Tem cara de professora...
- Não, não. Sou enfermeira.
- Aqui em Tatuí mesmo?
- Não, em Angatuba, uma cidadezinha aqui perto.
- É enfermeira há muito tempo?
- Bastante.
- Ah sim, e gosta?
- Sempre gostei.
- Que bom. Está aqui o cartão, senhora. Tenha um ótimo dia.
- Obrigado, você também.

****

- Credo, que menino curioso esse do caixa, filha.


É, vivendo num mundo onde simpatia é sinônimo de intromissão.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo?



"Mude, mas mude devagar. Pois a direção é mais importante que a velocidade."

Desde que 2009 se foi, ela estava ouvindo as mesmas frases, repetidamente, como num eco. Mas esse não parecia estar se afastando como de costume. Ouvia as mesmas expectativas, os mesmos desejos, as mesmas esperanças, de pessoas totalmente diferentes. Desejavam deixar 2009 para trás o quanto antes. Logo ele, que não fez nada de errado, que não foi nem de longe um daqueles anos marcado por tragédias. Não se importaram, queriam o tão sonhado "ano novo" logo. E 2010 veio, sem que ela pudesse perceber.
Tinha certeza de que 2010 preferia ter chego de mansinho, aos poucos, para que todos pudessem se acostumar com ele. Pelo contrário, queriam-no depressa, rápido, sem tempo para adaptações.  Teve medo. Por que é que todo mundo espera tanto de um ano novo? Por que tanta ânsia para que as coisas mudem? Ela gosta da mudança, do movimento, e até mesmo do novo, mas não gosta quando o desespero se mete entre eles. E as pessoas pareciam estar exatamente assim: desesperadas.
Sentiu-se culpada. Será que é pecado não ter pressa? Pensou que se a mudança viesse rápido demais, talvez as coisas saíssem do controle, e ela não gosta de perder o controle.
Buscou abrigo naquele em quem mais confiava e ficou feliz ao perceber que o mesmo também não tinha pressa. Assim como ela, tinha planos, mas não pressa. Depois de perdoar a si mesma por estar tão acomodada, permitiu-se pensar nas mudanças que espera desse novo ano e principalmente naquilo que ela deseja exatamente igual em 2010: Ele.


Feliz 2010 à todos. (Um tanto quanto atrasado, já que não tenho pressa.)
Que esse novo ano seja repleto de coisas antigas.